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Não ouvimos ou conhecemos muitos nomes de cientistas mulheres no Brasil. Maria Helena Ambrosio Zanin é um desses nomes e merece ser conhecida. Há mais de 20 anos, ela é pesquisadora no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT, principal parceria tecnológica da Darvore. A professora Maria Helena, como é chamada, foi a chefe de pesquisa no desenvolvimento dos NANOS, nossos boosters faciais. 

A Darvore, em sociedade com o IPT, possui uma patente depositada graças a pesquisa liderada pela professora Maria Helena na unidade de Bionanomanufatura onde foram desenvolvidas as formulações NANO, que são 100% nanoestruturadas e compostas por nanocápsulas vegetais de origem amazônica, algo pioneiro no mundo dos cosméticos. Pela primeira vez uma marca ofereceu ao mercado, nanocosméticos vegetais que disponibilizam de forma altamente eficiente as poderosas propriedades amazônicas.

Em entrevista cedida para Darvore, a cientista Maria Helena, além de conversar sobre esse universo da tecnologia, mais especificamente da nanotecnologia, também contou sobre os desafios que precisou enfrentar enquanto trabalhava como pesquisadora no Instituto Fraunhofer, na Alemanha, com suas filhas pequenas. A cientista que pratica trail running e trekking pelas montanhas acredita que a ciência pode ser uma aliada da conservação dos ambientes naturais.

D.: Como enxerga a questão ecológica no século 21?

M.H.: Eu acredito que estamos vivendo uma fase de maior consciência / educação ecológica, entretanto ainda acho que temos muito a aprender e mais ações práticas a serem feitas. Creio que toda a população tem que estar engajada e comprometida, embora o poder público deveria promover uma maior educação ambiental.

D.: Você pode descrever para gente o ambiente de trabalho na sua área de pesquisa?

M.H.: Tenho o privilégio de ter um ambiente propício para P&D no Instituto de Pesquisas Tecnológicos – IPT, atribuído principalmente a uma equipe multidisciplinar que temos  no IPT, com formações técnicas diversas, assim como uma excelente infra-estrutura para apoiar nosso trabalho de P&D.

D.: O que determinou seu envolvimento com a pesquisa em nanotecnologia?

M. H.: Na verdade, a difusão da nanotecnologia teve grande destaque na última década. Entretanto, dentro da área de tecnologia de partículas já se desenvolviam partículas com tamanhos na escala nanométrica muito antes. No meu caso, no ano 2001 já defendi meu doutorado baseado no desenvolvendo de partículas de lipossomos contendo gangliosídeos nas camadas lipídicas e já com tamanhos na escala nanométrica. Após o doutorado, prossegui na área de P&D aqui no IPT em processos de encapsulação de diferentes substâncias ativas como vitaminas, fármacos, componentes inorgânicos e orgânicos e óleos essenciais, empregando como matriz polímeros naturais ou sintéticas, visando basicamente a proteção destes ativos de oxidação, umidade, presença de luz, etc,  e ainda promovendo a liberação controlada ou não do ativo no sítio a ser entregue. A faixa de tamanho de uma partícula selecionada em um desenvolvimento varia de tamanhos micrométricos a nanométricos, dependendo da aplicação final desejada. 

D.: Como se deu seu envolvimento com a pesquisa para a indústria cosmética e, em especial, a pesquisa que resultou na Darvore?

M.H.: Como pesquisadora do IPT, na unidade de Bionanomanufatura, atendemos diferentes empresas dando apoio ao desenvolvimento de novos produtos ou até mesmo melhoria / otimização de processos e na ocasião fomos procurados pela empresa Darvore que tinha interesse no desenvolvimento de cosméticos empregando matéria prima originária da floresta amazônica. A partir desta demanda, fomos nos reunindo e construindo a proposta de projeto em comum acordo com a Darvore, buscando fomentos para apoiar parte do financiamento do projeto e finalmente após proposta de projeto aprovado pela Darvore seguimos com a execução do projeto.   A empresa sempre se mostrou participativa, interessada em novos desafios e com imenso interesse  em apresentar no mercado um produto diferenciado na área de cosméticos e com  sustentabilidade.

D.: Você considera que consegue equilibrar sua vida profissional e pessoal?

M.H.: Confesso que não é fácil, mas tenho conseguido. Creio que é importante fazer o que gosta, praticar esporte e no meu caso, acima de tudo, tenho uma fé que vem de Deus em minha vida e que me faz descansar até mesmo diante dos grandes desafios. 

D.: Quais foram alguns dos desafios mais significativos que enfrentou em sua carreira e como lidou com eles?

M.H.: Bem, foi quando estava trabalhando como pesquisadora visitante na Alemanha no Instituto Fraunhofer e tive câncer de mama. Na ocasião, decidi continuar a trabalhar após cirurgia e ainda manter minha família, acompanhando as minhas filhas que eram pequenas  com 6 e 7 anos e meu esposo no Brasil.  Tive que seguir a vida como se nada estivesse acontecendo e consegui vencer este desafio, primeiramente com a ajuda de Deus e depois com o apoio de minha família e do esporte que continuei a praticar.

D.: Mesmo tendo passado por tudo isso, você ainda parece muito entusiasmada com sua profissão. O que a inspira e motiva em seu trabalho?

M.H.: Creio que seja trabalhar com pesquisa aplicada, desenvolvendo novos materiais, contribuindo com a inovação tecnológica no país.

D.: Como gosta de passar o seu tempo livre?

M.H.: Meu hobby é fazer corridas de “trail running”, “trekking” pelas montanhas.

D.: Quais são as principais vantagens de um cosmético nanoestruturado?

M.H.: São inúmeras as vantagens proporcionadas por um nanocosmético, mas gostaria de destacar que a principal contribuição seria a proteção do ativo encapsulado, no caso, o bálsamo de copaíba evitando a degradação química ou enzimática; a liberação gradual de ativos presentes na formulação. Adicional a estas vantagens, destaca-se o uso de matéria prima sustentável, no caso da Darvore, contribuindo com o desenvolvimento regional na Amazônia e com rastreabilidade (procedência da matéria prima conhecida).

D.: O que é o nanoencapsulamento de ativos no universo de formulações para cosméticos e fármacos?

M.H.: Na área de cosméticos, quando tratamos de escala nanométrica estamos nos referindo à faixa de tamanho até próximo de 1 mícron, o que não é aceitável para outras áreas como por exemplo física, até porque quando tratamos de cosméticos existe a preocupação da nanopartícula não permear por todas as camadas da pele e atingir a corrente sanguínea, a qual é indesejável devido a segurança biológica do produto. Obviamente, quando tratamos de fármacos que podem demandar a permeação até a corrente sanguínea, as nanopartículas são desenvolvidas objetivando atingir o sítio que poderá ser a corrente sanguínea.

D.: Quais são os diferenciais da fórmula desenvolvida em sua pesquisa que resultou na Darvore? 

M.H.: O diferencial seria a encapsulação de óleos sensíveis a oxidação e que na formulação foram protegidos quanto a degradação/oxidação química chegando no “targert “ / sitio de aplicação com sua propriedade química preservada e com partículas com faixa de tamanho nanométricas, isto é, com áreas superficiais maiores e aumentando o contato com a superfície e facilitando a permeação nas camadas superiores da pele. Adicional a isto, foi o uso de matérias primas de alta qualidade da flora brasileira, no caso da floresta Amazônica.

D.: Qual a importância desse tipo de tecnologia para o desenvolvimento sustentável?

M.H.: Bem, a nanotecnologia pode contribuir para o desenvolvimento de novos produtos com uma perspectiva sustentável, seguindo o preceito da química verde e buscando o uso racional dos recursos oferecido pela natureza, baseado na maior área superficial das nanopartículas, apresentando um maior desempenho e com uma redução da matéria prima.

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