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Mulher loira ecofeminista entre folhas em uma floresta de mata fechada, em conexão com a natureza em prol da sustentabilidade.

As mulheres estão desempenhando um papel fundamental na área da sustentabilidade, tornando-se agentes de mudança e líderes em diversos campos. Com sua visão estratégica e empatia natural, elas contribuem significativamente para a busca de soluções sustentáveis ​​para os desafios ambientais e sociais que enfrentamos. Na Darvore temos bons exemplos, um deles é a jornalista, escritora, ambientalista e ecofeminista Claudia Guadagnin. 

Claudia é uma profissional dos bastidores, contribui para a assessoria de comunicação da Darvore e de outras empresas e iniciativas sustentáveis. No caso da Claudia, ser uma profissional dos bastidores, não quer dizer que está por trás, e sim, que está por dentro. Pós-graduada em Antropologia Cultural e mestra em Direitos Humanos e Políticas Públicas, é uma apaixonada por animais, pela natureza e pelas melhores virtudes do ser humano. Aprender e contribuir, parecem ser suas forças. 

Nesta entrevista cedida ao Blog da Darvore pudemos ouvir a comunicadora sobre diversos assuntos, como ecofeminismo, o papel e a importância da presença das mulheres na sustentabilidade, sobre Amazônia e até sobre o filme da Barbie. Pois é, difícil não falar sobre esse filme com alguém de biotipo parecido, que foi de uma geração influenciada pela boneca da Matell, além de ser (eco)feminista, um dos principais argumentos do longa-metragem dirigido por Greta Gerwig.

Ao fim da entrevista, Claudia indica um projeto imperdível multimídia que traz trajetórias de personagens femininas inspiradoras, atuantes na sustentabilidade ambiental. 

1. Conta como e porque você entrou para agenda ambiental.

Pessoalmente, sempre fui apaixonada por natureza, pelos animais e desejava que minha atuação profissional se voltasse aos interesses do bem comum, da coletividade, especialmente, dos que não têm voz, ou tem pouca voz. 

Foi isso também que me levou, ao longo da minha carreira, a me envolver com pautas e agendas socioambientais relacionadas a Direitos Humanos. Depois de me formar em Jornalismo, em 2010, fiz uma especialização em Antropologia Cultural e, mais recentemente, um Mestrado em Direitos Humanos e Políticas Públicas.

Já na faculdade, sempre busquei direcionar os trabalhos e as atividades acadêmicas para temas relacionados ao interesse das minorias ou benefício da natureza. 

Passei por veículos como a Gazeta do Povo (PR), também com abordagens focadas em temáticas mais voltadas à sustentabilidade e ESG, mas o maior marco que enxergo em minha carreira em relação ao jornalismo ambiental foi definido por meu vínculo com a SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental), que se iniciou há mais de dez anos. A SPVS era uma das clientes de uma agência de comunicação e assessoria de imprensa na qual trabalhei e pedi para atendê-los, considerando meu grande interesse pela temática. E, ainda bem, foi um caminho sem volta.

Depois disso, meu vínculo com a conservação da biodiversidade, e meu interesse em democratizar cada vez mais esse conhecimento com qualidade para a sociedade, só cresceu. Já escrevi um livro para a SPVS sobre a história das três reservas naturais criadas pela instituição na década de 1990, no litoral do Paraná, fui uma das fundadoras do Observatório de Justiça e Conservação (OJC), uma entidade que, por mais de cinco anos, atuou por meio do jornalismo, da atuação jurídica e também da advocacy (busca pela alteração de políticas públicas em prol do bem comum) no estado do Paraná. Por meio da atuação do observatório, muitos abusos públicos e privados contra o patrimônio natural puderam ser evitados. 

Hoje sou assessora de imprensa da SPVS e, além disso, busco promover a agenda ambiental nos outros trabalhos que desenvolvo com outros parceiros.

2. Qual a sua relação com a Darvore e o que te motiva a estar envolvida com a marca?

Conheci a Darvore no final de 2021, quando também estabeleci mais proximidade o João Tezza Neto, criador da marca, e com as outras iniciativas com as quais ele se envolveu ao longo da vida profissional, como, por exemplo, a academia Amazônia Ensina, que promove vivências educacionais e de formação pessoal e profissional na Amazônia. 

De lá para cá, tive a oportunidade de fazer a Assessoria de Imprensa da marca, para publicizar para a imprensa e a opinião pública novidades em relação à Darvore, como um detalhamento sobre os diferenciais do produto tecnologicamente falando, para veículos de alcance nacional e segmentados da área cosmética, e o fato de a marca ter sido finalista e uma das vencedoras de um dos prêmios de Sustentabilidade mais importantes do mundo: o Prêmios Verdes.

3. A Darvore é uma nova geração de cosméticos por unir ciência e natureza, pela inovação, eficiência, respeito às florestas e às pessoas, além de outros propósitos e diretrizes fundamentais que nos guiam. Somos uma marca comprometida com as gerações futuras. Como você acha que o mundo seria se grandes marcas assumissem esse compromisso?

Como sempre dizemos, não há um Planeta B e já chegamos a pontos de não retorno da natureza no que se refere à garantia do equilíbrio climático para a vida humana na Terra. Se não acordarmos já para a necessidade de valorizarmos empresas e produtos realmente responsáveis e comprometidos com a natureza, os prejuízos serão ainda mais incalculáveis e danosos à nossa espécie e, principalmente, às gerações futuras.

4. Você é uma mulher ambientalista e feminista. Essas causas se convergem em algum momento?

Com certeza que sim! Escrevi um texto que escrevi na época do Mestrado que fala sobre como, historicamente, o início da adoração de um Deus único, branco e masculino inaugurou o distanciamento do ser humano do culto à figura da Deusa. O fato contribuiu para o afastamento entre as pessoas e o meio ambiente, que passou a ser abusivamente explorado e degradado por não mais ser visto como parte de uma relação interdependente e conectada.

Para a cultura patriarcal, e na lógica do machismo, tanto a mulher quanto a natureza existem para serem dominadas. Recuperar a história da violência contra a mulher e a natureza e reconstruir seus passados de dominações – agora pela ótica feminina, do feminismo, e da conexão entre os seres – é essencial para compreendermos com mais profundidade aspectos importantes das relações entre mulheres, pessoas não-binárias, homens e o mundo natural. 

Isso é o que busca fazer o ecofeminismo, a vertente do movimento feminista que conecta a luta pela igualdade de direitos e oportunidades entre mulheres, pessoas não-binárias e homens com a proteção e a conservação da biodiversidade. 

O culto à Deusa, que era tão comum na antiguidade, antes do monoteísmo, com o tempo, foi destruído e substituído. Neste momento, o conceito da ‘Grande Mãe’ foi substituído pelo de um Deus masculino. 

O culto à divindade (no feminino) acabou banido da psique humana pela predominância da ideia do Deus único com criaturas feitas à sua imagem e semelhança – os homens –, um padrão amplamente apregoado pelas religiões monoteístas. E por serem feitos à imagem deste Deus, esses mesmos homens seriam considerados mais aptos para governar mulheres, crianças e a própria natureza.

O feminismo, e o ecofeminismo, questionam isso. E eu realmente acredito que, na medida em que, como sociedade, formos capazes de respeitar as mulheres como todas merecem, seremos também capazes de valorizar e respeitar a natureza como deve ser. 

Mulher loira ecofeminista no meio da floresta Amazônia, em conexão com a natureza em prol da sustentabilidade.

5. Recentemente foi lançado o filme da Barbie e é quase impossível não fazer nenhuma associação entre você e ela, pelo seu tipo físico. No filme Barbie, tudo se transforma quando ela sai da ponta dos pés para pisar com os pés inteiros no chão, isso a conecta com a realidade. Há pouco tempo você esteve na Amazônia pela primeira vez e pisou com os dois pés na maior floresta tropical do mundo. Com o quê isso fez você se conectar?

Foi uma grata surpresa conhecer pessoas tão maravilhosas, as comunidades tradicionais e indígenas que tivemos a chance de visitar, a natureza, os animais, as diferentes espécies e, principalmente, realidades e dinâmicas diferentes das que conduzem o nosso dia a dia nas cidades. Terminei a expedição, ainda mais grata por confirmar a importância de nos conectarmos uns aos outros. De pisarmos em solos diferentes, sairmos da zona de conforto, das nossas caixas e “certezas absolutas” para aprender com a diferença. Há muito valor, beleza e riqueza nela. E creio que evoluiremos como espécie e como sociedade a partir do momento em que realmente aprendermos a valorizar isso como devemos. 

Além disso, acredito que precisamos de mais “pé no chão” da forma mais literal na natureza, para nos sentirmos realmente parte dela como sempre fomos.

6. Em 2022 a Matell lançou a Barbie ambientalista feita com plástico reciclado, retirado do oceano. A boneca inspirada na primatologista e antropóloga britânica, Jane Goodall, faz parte de uma coleção que traz outras profissões ligadas à sustentabilidade, como cientista de conservação, engenheira de energia renovável, diretora de sustentabilidade e defensora do meio ambiente. Qual a sua opinião sobre isso? Você acredita que isso é capaz de gerar algum impacto na sociedade?

Acho que esse sempre foi o maior diferencial da Barbie! E talvez por isso, mesmo nem sabendo disso conscientemente na época, sempre foi minha brincadeira favorita na infância. Brincando com ela, eu era muitas. E até hoje me vejo assim. Tenho diversas versões que vivem dentro de mim.

Com o tempo, a Barbie se transformou em muitas profissionais. Médica, astronauta, presidenta, atriz, cientista, pesquisadora, matemática, educadora…ela sempre pôde ser o que quisesse. E eu acho que essa é a mensagem mais legal que ela representa: seja quem você quiser! 

E agora, depois de tantos anos, estamos vivendo outros avanços, no sentido de compreender que não existe um padrão único de beleza – loiro, alto, branco, magro e jovem – mas sim, muitas formas de ser mulher, a partir de muitos corpos, preferências, condições, estéticas, idades e identidades. 

Meu desejo é de que todas as meninas ainda se tornem suficientemente estimuladas a serem quem desejarem ser. Que tenham como preocupação agir em prol do mundo onde vivem, da natureza da qual fazem parte, em favor das pessoas com quem convivem, mas que sejam integralmente livres e felizes com seus caminhos profissionais individuais.

7. Para finalizar, tem mulheres suficientes na sustentabilidade hoje? Qual a importância dos papéis exercidos por elas?

Existem milhares de mulheres incríveis conduzindo importantes projetos e ações de conservação ambiental em todo o Brasil e no mundo também. Presentes em vários países, em diferentes biomas, trabalhando com as mais diversas espécies e nos mais desafiadores territórios, elas estão lá, todos os dias, fazendo a diferença. São fortes, resilientes, inteligentes, tecnicamente preparadas e altamente capacitadas. 

Em 2019, a jornalista Paulina Chamorro e o documentarista João Marcos Rosa começaram o projeto multimídia Mulheres na Conservação, que exalta a vida e obra de muitas dessas mulheres. De 2019 para cá, eles percorreram 12 estados brasileiros para acompanhar as protagonistas reais da conservação ambiental. 

O material rendeu reportagens, podcast, websérie, e recentemente foi transformado  em um documentário de média-metragem de quase uma hora. 

Ele pode ser visto no YouTube. Recomendo muito que as pessoas assistam! As histórias falam por si. E espero que estimulem muitas meninas a seguirem caminhos parecidos.

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